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A dádiva da saúde. Por Dr. Nilton Kasctin Dos Santos (Promotor de Justiça e Professor)
Por Rádio JB
Publicado em 15/04/2025 17:03
Opinião

 

         Nesta semana, dia sete de abril, comemoramos o Dia Mundial da Saúde.

         “Um homem descontente com a sorte queixava-se de Deus.

         - Deus – dizia ele – dá aos outros as riquezas, e a mim não dá coisa alguma. Como é que eu hei de poder fazer o meu caminho nesta vida, sem nada possuir?

         Um senhor idoso ouviu essas palavras e disse-lhe:

         - Acaso és tu tão pobre quanto dizes? Deus não te deu, porventura, saúde e mocidade?

         - Não digo que não e até me orgulho bastante da minha força e do verdor dos meus anos.

         O ancião então pegou na mão direita do homem e perguntou-lhe:

         - Deixa cortar-te essa mão por mil rublos?

         - Nem por dez mil.

         - E a esquerda?

         - Também não.

         - E por cem mil consentirias em ficar cego por toda a vida?

         - Nem um só olho daria por tal dinheiro!

         - Vês – observou o sábio – que riqueza Deus te deu, e tu ainda te queixas!”.

         Esse pequeno conto, de autoria do grande Leon Tolstói, ilustra bem quanto vale nossa saúde. Trata-se de valor incalculável, mais alto do que a soma do preço de todas as riquezas que existem no mundo. Mas então por que é que de regra as pessoas só dão valor à saúde depois que a perdem? A resposta é simples: por viverem alienadas em relação a si próprias.

         São inúmeras as definições para o vocábulo alienação. Nos dicionários encontramos: “alienação é anulação da personalidade individual”; “a alienação trata do mistério de ser ou não ser, pois uma pessoa alienada carece de si mesma, tornando-se sua própria negação”; “alienação refere-se à diminuição da capacidade dos indivíduos em pensar e agir por si próprios”. Simplificando a explicação, pode-se dizer que alienação significa ser incapaz de compreender o que acontece no mundo, seja ao nosso redor, seja em nosso corpo. Portanto, em relação à saúde, viver alienado é o mesmo que ser incapaz de conhecer o próprio corpo e suas funções.

         Não dá para entender, mas a maioria dos brasileiros vivem em completa alienação. Desconhecem completamente o próprio corpo. Essa é a razão por que milhões de pessoas trocam, sem hesitar, a maior riqueza do mundo por algo capaz de destruir-lhe a vida, como os alimentos ultraprocessados.

         Costumamos pregar contra cigarro, álcool, mentira, intolerância, infidelidade conjugal etc. Nós, cristãos, temos ainda tudo isso como pecado. E certamente não estamos errados. Mas nossa alienação em relação a nós mesmos nos leva ao seguinte equívoco: por exemplo, uma pessoa pode praticar toda sorte de crimes contra a natureza, como matar animais silvestres só para treinar tiro ao alvo, cortar todas as árvores nativas de sua propriedade ou derramar esgoto em um rio. Pode ainda ser viciado em comida processada, empanturrar-se de ambúrguer, biscoitos, salgadinhos e refrigerante todos os dias por dez anos (sem ingerir frutas e verduras), até contrair diabetes e doenças cardíacas – que trazem centenas de outros tipos de doenças.

         Segundo a Bíblia, todas essas condutas constituem pecado. Mas pode ter certeza que jamais um padre ou pastor irá chamar tal pecador sequer para uma conversa na secretaria da igreja. Todavia, apenas um mero boato de uma única situação de adultério fará movimentar o aparato da igreja em desfavor do suposto adúltero, que de regra também terá sua imagem social execrada pela opinião pública.

         Também é pecado adulterar. Mas pecado de igual nível, no mínimo, é destruir nosso corpo – o templo de Deus - ingerindo excesso de comida com excesso de calorias, como é o caso de quase todos os modernos alimentos industrializados. Não só pela glutonaria (comer demais), mas por ceder aos prazeres da carne, priorizando a satisfação imediata do estômago sem se importar com a violenta agressão que esse tipo de comida causa à saúde, nossa maior riqueza, um verdadeiro presente recebido das mãos do Criador (continua em edição posterior).

 Por Dr. Nilton Kasctin Dos Santos (Promotor de Justiça e Professor)

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