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A Importância das árvores. Por Dr. Nilton Kasctin Dos Santos (Promotor de Justiça e Professor)
Publicado em 13/02/2025 15:19
Opinião
As árvores são essenciais à nossa vida: a) reduzem a poluição do ar provocada por veículos automotores e indústrias; b) minimizam a poluição sonora; c) equilibram a temperatura da cidade; d) amenizam a força do vento; e) servem de habitat para insetos e pássaros que equilibram e enfeitam o ambiente; f) protegem o lençol freático; g) evitam o ressecamento do ar; h) fornecem sombra para automóveis e pessoas; i) embelezam a paisagem.
A poluição atmosférica causada por agrotóxicos, veículos automotores e indústrias é algo grave. Só os veículos a motor são responsáveis pela produção de 80% do monóxido de carbono nas cidades. Além disso, os escapamentos dos motores dos carros liberam benzipireno, chumbo e outros gases cancerígenos. Apenas esse fato já basta para que se recomende cuidado com a arborização urbana, pois um hectare de árvore assimila cerca de cinco toneladas de gases tóxicos e libera de oito a dez toneladas de oxigênio por ano.
Apenas uma árvore transpira em média 400 litros de água por dia, produzindo o efeito de 5 condicionadores de ar. A árvore retira água do fundo da terra, jogando-a no ar através das folhas. 400 litros por dia. Uma árvore apenas! Logo, preservar as árvores do espaço urbano implica melhor qualidade de vida.
Todavia, seja no inverno ou no verão, estão cortando árvores por todos os lugares. Todos os dias. Tudo é motivo para destruir as árvores: “estão doentes”, “vão cair”, “estão danificando a calçada”, “derrubam folhas”, “atrapalham a visibilidade das câmeras de segurança”, e por aí afora. Todas desculpas mentirosas; o que as pessoas querem é acabar com as árvores, sem motivo nenhum. E isso é crime, com pena de um ano de prisão (art. 49 da Lei nº 9.605/98). Além de improbidade administrativa do prefeito que não fiscaliza os casos de podas ou retiradas irregulares de árvores.
A poda ou retirada de uma árvore é sempre prejudicial ao ambiente e à saúde humana, pois o corte de apenas alguns galhos faz com que a árvore interrompa suas funções de equilíbrio ambiental, como a retirada da água da terra para jogar no ar e a captação de gases tóxicos.
A arborização urbana jamais pode ser podada, exceto em raras hipóteses legais, como árvores que tocam a fiação elétrica. No caso da fiação, apenas os galhos que tocam os fios podem ser cortados; jamais a copa toda.
Mas acabar com essa prática estúpida e criminosa tem sido difícil, pois estamos diante da necessidade de mudança de hábitos, de cultura. Disse o cientista Michel Bachelet: “o comportamento dos homens é feito de hábitos e sempre foi difícil modificar aquilo que é confortável, mesmo que esse conforto crie erros funestos” (Ingerência Ecológica. Instituto Piaget, Lisboa, 1995, p. 22).
É bom lembrar que as árvores são essenciais tanto nas grandes como nas pequenas cidades. Um município do porte de Ijuí (com 80 mil habitantes) possui cerca de 60 mil veículos cadastrados. Além disso, centenas de veículos de municípios vizinhos ajudam a entupir a cidade. Ora, como quase todos esses veículos possuem motores a gasolina ou óleo diesel, é evidente que nesse local há intensa poluição atmosférica e sonora. Sem árvores suficientes, a população sofre mais intensamente os efeitos desse tipo de poluição, experimentando sensível redução da qualidade de vida. É isso que está ocorrendo nesse calorão – provocado pela falta de árvores.
Uma árvore podada tende a morrer. E não é comum as prefeituras realizarem o replantio de exemplares extintos. Nas cidades do interior há quarteirões inteiros sem nenhuma árvore. E mesmo que houvesse a reposição imediata, um exemplar recém plantado pode levar 20 ou 30 anos para substituir plenamente uma árvore adulta no que se refere às funções antes apontadas.
Foto: PATRAM | Fonte: Rádio JB
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