Um levantamento publicado pelo Estadão mapeou ao menos 80 eventos que ajudam a explicar a forma como setores políticos e institucionais dos Estados Unidos passaram a tratar o Brasil e o Supremo Tribunal Federal (STF) como “inimigos”.
A apuração mostra que esse cenário foi alimentado principalmente pela atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado federal e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, e do comentarista Paulo Figueiredo Filho, neto do último presidente da ditadura militar, João Figueiredo.
Segundo o jornal, ambos articularam encontros e participaram de eventos nos EUA, em que apresentaram a cúpula do Judiciário brasileiro e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como ameaças à liberdade e à democracia. As narrativas, alinhadas ao discurso do ex-presidente Donald Trump e da ala mais radical do Partido Republicano, ecoaram em fóruns políticos e organizações de direita norte-americanas.
Entre os episódios mapeados estão reuniões com parlamentares, discursos em conferências conservadoras e difusão de informações sobre os inquéritos conduzidos pelo STF contra apoiadores do bolsonarismo acusados de financiar e organizar atos golpistas no Brasil.
O estudo mostra que esse movimento ajudou a consolidar, em determinados setores dos EUA, uma visão distorcida das instituições brasileiras, especialmente do STF, que passou a ser visto como órgão de perseguição política.
Para analistas ouvidos pelo jornal, o impacto dessa articulação pode dificultar as relações diplomáticas entre os dois países, além de criar uma rede de desinformação internacional sobre a democracia brasileira.