O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) avalia recomendar ao governo federal a retomada do horário de verão ainda este ano para reforçar em até 2 gigawatts (GW) a capacidade do Sistema Interligado Nacional (SIN), segundo o diretor de Planejamento da entidade, Alexandre Zucarato. A medida seria uma resposta ao agravamento do déficit de potência identificado no Plano de Operação Energética (PEN) 2025-2029.
A decisão sobre o horário de verão deve ser tomada até agosto, devido ao prazo necessário para sua implementação. Zucarato alertou que, mesmo com crescimento da geração, impulsionada principalmente pela energia solar, a capacidade de atendimento no horário de pico — especialmente à noite — continua insuficiente. A energia solar, apesar do avanço, não contribui para a demanda noturna.
A falta de novos leilões de contratação de energia em 2024 agrava o cenário. Para compensar, o ONS prevê antecipações de projetos, maior uso de térmicas e importação de até 2,5 GW de países vizinhos. Outro reforço virá da chamada "resposta da demanda", quando grandes consumidores são pagos para reduzir o consumo nos horários críticos. Em 2023, essa medida gerou apenas 100 megawatts (MW) de economia.
O ONS ainda alerta para a possibilidade de agravamento da situação nos meses de outubro e novembro, caso as chuvas atrasem novamente. A solução de médio prazo seria a realização de um novo Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP), previsto para 2026. Segundo Zucarato, “o futuro chegou”, e o déficit de potência, antes projetado para o longo prazo, já se faz presente.