O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) elaborou uma carta endereçada ao presidente da Argentina, Javier Milei, na qual pede oficialmente asilo político. A iniciativa ocorre em meio ao avanço das investigações da Polícia Federal (PF), que nesta quarta-feira (20) indiciou Bolsonaro e seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
De acordo com a PF, os dois atuaram de maneira coordenada para intimidar autoridades responsáveis pela condução da ação penal que tem o ex-presidente como réu, além de articular estratégias para deslegitimar instituições democráticas. O relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) aponta ainda que os investigados mantinham contatos no exterior com o objetivo de obter respaldo político e apoio em narrativas golpistas.
A carta de Bolsonaro a Milei é vista como um gesto de desespero diante da iminência de medidas mais duras da Justiça brasileira, como a possibilidade de prisão preventiva. Interlocutores próximos afirmam que o ex-presidente aposta na afinidade ideológica com o mandatário argentino para conseguir acolhida em Buenos Aires.
O indiciamento marca um novo capítulo na escalada de investigações que envolvem Bolsonaro e seus aliados no suposto plano de golpe de Estado. Juristas avaliam que o pedido de asilo pode ser interpretado como tentativa de fuga do processo legal em curso, o que deve aumentar a pressão sobre o Supremo Tribunal Federal e sobre a Procuradoria-Geral da República quanto à adoção de providências imediatas.
Enquanto isso, no cenário político, a iniciativa gera reações contrastantes: aliados de Bolsonaro tentam enquadrar o pedido de asilo como um "ato de resistência" contra perseguição, enquanto adversários classificam a medida como um reconhecimento de culpa e um sinal claro de fragilidade.