A ministra Cármen Lúcia protagonizou um dos momentos mais incisivos da sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (3/9), durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de militares acusados de participação na tentativa de golpe de Estado.
O questionamento ocorreu após a fala do advogado Andrew Fernandes Farias, representante do ex-comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira. Em sua sustentação oral, o defensor afirmou repetidas vezes que seu cliente teria atuado para “demover o presidente da República” de determinadas condutas.
A insistência na expressão levou Cármen Lúcia a pedir esclarecimentos: “Vossa senhoria, cinco vezes, disse que seu cliente ‘estava atuando para demover’ o presidente da República. Demover de quê? Porque até agora todo mundo disse que ninguém pensou nada...”, indagou a ministra.
O general Paulo Sérgio Nogueira, que comandou o Exército entre 2021 e 2022, é acusado de ter se alinhado a iniciativas golpistas que buscavam contestar o resultado das eleições presidenciais de 2022. A defesa, no entanto, tenta apresentar sua atuação como uma tentativa de moderação frente às pressões políticas.
O julgamento, conduzido pela Primeira Turma do STF, segue com a análise dos votos dos ministros, em meio a expectativas sobre o impacto das decisões nas investigações contra outros militares e autoridades envolvidas nos atos de 8 de janeiro de 2023.